sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Notas da chuva...


Tem dias que eu preciso ser, mais que eu mesmo,
o mesmo que não tem a obrigação de ser.
Tem dias que preciso de minhas verdades mais
que a mim. Que preciso ser desigualdade.
Que preciso ser saudade. Que preciso sorrir.

Tem dias que preciso apenas usar os braços,
abri-los desatando laços, sorrir pra vida e partir.
Pertir sem rumo, sei lá, pra onde não haja
ninguém, ou simplesmente, para onde haja "eu".

Tem dias que minha memória mescla fatos do
passado com meu presente, e me perco, e me excluo,
e sou ausente. A melhor coisa na vida, é não precisar
ser, é acontecer somente, acordar e se definir vida
em todos os sentidos da palavra.

Tem dias que a palavra brota crua e fere sem querer,
palavra santa é o olhar da lua que nos clareia e nos
deixa ver. Talvez eu ainda não tenha dito nada nesse
texto, sei  lá! Na verdade minha intenção não é dizer,
é ser, os dias que eu era menino, de corpo franzino,
olhar peregrino na beira da praia.

Corria com os cabelos ao vento, testa livre, peito nú
de liberdade, naquele tempo eu era, ouvinte de mim,
dos meus silêncios, de quando eu era palavra nenhuma.
Ah, quantas vezes eu ouvi a chuva! Quantas vezes eu à senti
percorrer meu corpo lizo, me levar ao paraiso, ser todo
"eu sorriso"!

Quantas vezes eu fui... É justamente isso que eu preciso ser,
alvo da chuva, nota sua, porta da rua, sem destino, nem saída.
Eu preciso ser essa liberdade, deixar de ser saudade,
de viver partindo. Eu preciso ser menino de braços abertos
bebendo da chuva, preciso ser vida.

Chuva, desmaia em mim tuas quedas suaves de entrega
completa! Se desmancha em mim!
Me deixa ouvir notas da chuva!
Quero novamente ser presente! Ser eu! Ser poeta!

Um comentário:

  1. É MAIS OU MENOS ASSIM QUE ESTOU ME SENTINDO ESSES DIAS... ME IDENTIFIQUEI COM ALGUNS ITENS DO SEU POEMA... E É MTO LINDO.
    QUE ORGULHO TER UM AMIGO E IRMÃO POETA !!!

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