Apagaram-se as rosas,
Mas quem acendeu teu cheiro em mim?
És tu, saudade indefinida?
És tu, necessidade bruta e franca?
Que no vazio da noite lanças angustias
brancas?
Ou é o contexto miserável da distancia ardida?
Apagaram-se as rosas,
Mas quem me incendiou?
No contexto central da saudade mórbida
Estavam apagadas as minhas memórias de ti.
Pelo menos pensei que estivera. Mas, és desenho
feito a punho, que pensei ser rascunho, e não era.
Apagaram-se as rosas,
E pra onde fui eu depois que te ví?
Te ví, não como a realidade existencial num ato,
Mas na clausura libertina de meu tato,
Desenhei-te como em sonho, e em face de meu
desejo medonho, justificado estou de fato.
Apagaram-se as rosas,
E de mim, o que sobrou?
A não ser o espectro sombrio da saudade tua,
Não há em mim vigor algum que eu possua, ainda.
A não ser imagens cruas da despedida,
Nada em mim continua... Nem sonho... nem flor
Nem perfume de amor, e muito menos a vida.
[...] Saudade é morte que não tem fim!