sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Abandono

Sofro eu do terrível câncer que me comem os ossos
E das pestes passadas que também me comera a castigada
filosofia derradeira. Digo da prisão da carne e da paixão
-se é que em tal assunto revelar-me posso-

Que tudo na vida tem seu tempo de maturação
e as coisas que na vida há vivera a me condenar
a ser escravo involuntário das deidades dispersas
e das mentiras imersas que me sucumbe o  coração

E esse, se é que se pode falar sem pensar em
saudade -pois esquecer-se do tempo é mentira
e viver de lembranças é vaidade- ainda sim digo
dos flagelos e castigos que me apegam aos ossos sem opção

Dicotomia vulgar da epigênese miserável sofri
Mas eu, deixei-me a própria sorte
e mesmo que da morte venham hoje
dizer-me que jaz a minha porta

Digo-lhes que se tenho vivo o peito é porque carregar
as cargas de tal fardo é o jeito, mas que não temo perecer
cativo ao leito, pois uma vez que me agoniza o peito,
de   saudade, já tenho a alma morta.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Brisa


Um suspiro... e uma ponte sobre a lucidez
-sonho acordado- de outros outonos e outros setembros.
Ah, quem dera, quem dera!
De novo outono ou primavera!
...E manhãs aveludadas de teu ventre em pele nua,
Quem dera ser tua,
como em outros ventos que nos lambiam a meia tarde,
mas a verdade é que o tempo passa,
o fogo se acaba em fumaça,
e até o nosso, que em mim ardia
virou suspiro na tarde meia,
virou palha que se incendeia
e sumiu na ventania...


 

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Travessia



Nas palavras rebuscadas onde repousam melodias
encontrei fuga e liberdade, bebi fé e rebeldia...

Entre o "eu" mais pungente e a ardente sinfonia
onde mora a vertente da inocente ironia
vi raiar luz e flora, ontem e agora, vi tristeza e alegria...

De tais verbos e complexos fonemas, onde moram as tais
rimas, fiz-me cama onde encima dormiram meus poemas...

E assim, brincando com palavras pra esconder melancolia,
descobri tudo e nada, desvendei filosofias.
Fiz de noite o meu sereno, fiz de claro o meu dia,
Fiz-me grande e pequeno. E na dor fui travessia.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

You should be here...

...Desliguei o abajur, que de luz mansa
cobria o quarto. Deitei meu corpo na
cama fria, que passara o dia abandonada
e descansei a nuca sobre as mãos que se
casavam e se união entre os dedos.
Meus olhos se abriram ao escuro
para tentar imaginar sobre o nada
as cenas que minhas retinas desejariam
verdadeiramente ver. Vi uma raio de luz
da lua que invadia meu quarto entrando
por uma fresta da janela. Vi no pedaço de lua
a cor do sereno sobre a rua, vi sua cor prata
e nua, vi pintado na lua sua silhueta tão bela.
Vi seu rosto cantando, e ao ficar olhando vi o
sorriso dela. Virei-me e fiz planos pra nós, ouvi
meus sonhos, ouvi sua voz e senti saudade,
daquelas que queima o peito. Estendi o braço
que de pronto me obedeceu em ligar meu MP4
que repousava sobre um adaptador conjugado
á duas pequenas caixas de som e de imediato
o quarto se encheu de canções, aquelas canções
que o Kim da banda Catedral parece ter composta
pra mim. Disfarçadamente deixei uma lagrima rolar,
e ela lambeu minha face enquanto escorregava
por baixo do lóbulo da minha orelha até se esparramar
desesperada no travesseiro. Meu eu chorou. Meu corpo
dormiu na saudade. E a noite se repetiu...
[você deveria estar aqui]

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Simples de mais



Amar é simples de mais
quando são os teus olhos,
quando são os teus lábios,
quando é teu cheiro

Amar é simples de mais
quando é a tua saudade
que me acorda no meio da noite,
quando é teu sonho que me motiva

Amar é simples de mais
quando são as nossas lembranças
que me arrancam lagrimas,
que me deixam assim.

...É simples de mais
quando é o teu sorriso,
quando é o teu olhar,
quando é o teu toque

...É simples de mais
quando sou eu te buscando
em todas as direções
dentro de mim

Quando sou eu
te querendo aqui
por um instante,
por um segundo de prazer

Amar é simples de mais
quando sou eu chorando
tua saudade, quando é nossa verdade,
quando é você.
[Simples de mais...]

terça-feira, 2 de julho de 2013

...mal me quer...



Quão longe me foram os olhares d'alma ardente
quando em repudias estridentes me afagaram
as ardentes chamas do teu desejo
Que me foram os teus olhos
Que me foram os teu beijos

Balsamo e suave descanso aos meus anseios
que em teus seios repousaram
e dormiram como dormita a alma leve
E me teve teus braços
E me teve teus traços

E sussurramos os medos, e calamos segredos
Que por nós se entregavam, e se amavam
nos enredos que nossos prazeres fizeram jus
E nos teve a lua... e nos teve tão sua
E nos teve a  noite... enfim nus.

 

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Soltura.



Ainda que me desça ao peito
os prantos que em meu leito dorme,
E acorde em mim a insana dor
de quem vive e de quem morre

Ainda que meus ais sorriam em disfarce
e em clausura se enlace as fingidas fulgas
como nas noites que me julga a tua
pérfidia ausencia

Como nos rasgos que me comem a
maledicência de não ter o teu olhar
De não ter o teu toque,  e ainda que
me provoque. De ser eu tua verdade

Ainda assim direi do meu amor
que morra mais o que acabou
e que a dor se transforme em liberdade
antes que morra eu, ou me consuma a saudade.


 

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Do meu amor.


Que brisa é essa que mareja
dos olhos rasos da menina de
sonhos puros que meus olhos
deseja?

Que brisa é essa
Que lhe feri o peito?
Que lhe mirra o jeito?
Que lhe mareja?

Que brisa é essa que
tras o peito para a retina,
e exibe o coração nos olhos
tristes desse meigo olhar?

Eis que sei a densidade de
tal brisa, e também a origem
de tal dor.

A brisa na verdade é saudade.
E saudade, com certeza; do meu amor.

 

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Metamorfose



E de repente alguém te encontra
e faz a vida valer a pena.
E de repente a vida muda,
de cor... de sabor... de clima...
E de repente você se perde
num horizonte que roubou
teus olhos.
E de repente você entende
que é ali a casa que você
sempre sonhou.
E de repente você se encontra
escrevendo poesias, ou lendo-as,
sem vontade de voltar.
[ Porque o amor verdadeiro, é um caminho só de ida...]