sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Abandono

Sofro eu do terrível câncer que me comem os ossos
E das pestes passadas que também me comera a castigada
filosofia derradeira. Digo da prisão da carne e da paixão
-se é que em tal assunto revelar-me posso-

Que tudo na vida tem seu tempo de maturação
e as coisas que na vida há vivera a me condenar
a ser escravo involuntário das deidades dispersas
e das mentiras imersas que me sucumbe o  coração

E esse, se é que se pode falar sem pensar em
saudade -pois esquecer-se do tempo é mentira
e viver de lembranças é vaidade- ainda sim digo
dos flagelos e castigos que me apegam aos ossos sem opção

Dicotomia vulgar da epigênese miserável sofri
Mas eu, deixei-me a própria sorte
e mesmo que da morte venham hoje
dizer-me que jaz a minha porta

Digo-lhes que se tenho vivo o peito é porque carregar
as cargas de tal fardo é o jeito, mas que não temo perecer
cativo ao leito, pois uma vez que me agoniza o peito,
de   saudade, já tenho a alma morta.